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Mário de Sá-Carneiro nasceu em Lisboa, em 19 de Maio de 1890 e suicidou-se em Paris, em 26 de Abril de 1916. A presente obra contém: Dispersão, Indícios de Oiro e o poema Manucure.
Não sou amigo de ninguém. P'ra o ser
Forçoso me era antes possuir
Quem eu estimasse - ou homem ou mulher,
E eu não logro nunca possuir!... -
"É que eu sou realmente a morgadinha dos Canaviais. Quero dizer, minha madrinha vivia na quinta dos Canaviais, uma quinta que fica daqui perto. Era uma senhora velha, rica, elegante e muito caprichosa; chamavam-lhe todas a morgada dos Canaviais. Tomou-me ela afeição e, sempre que passeasse, me havia de levar consigo; daí começaram a chamar-me, de pequena, a morgadinha. Quando ela morreu deixou-me tudo quanto possuía; nesse legado entrava a quinta dos Canaviais, de que sou proprietária ainda. Foi uma como confirmação do título, que já desde criança me tinham dado; e para todos sou aqui a morgadinha, título na verdade pouco elegante e que tão mau conceito fez conceber ao primo Henrique da possuidora dele."
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Naquele desgraçado inverno a Holanda converteu-se em miserável charco sobre o qual incessantemente caísse uma chuvinha peneirada por buracos de agulhas. Toda a gente concordava em que não havia, ali, memória de estação assim temperada, aquosa e lôbrega. Durante os meses de dezembro e janeiro nunca se apagou a iluminação pública e nas ruas mais desafogadas de Amesterdão os transeuntes, que pareciam evolucionar dentro de um infindável aquário, para se reconhecerem necessitavam socorrer-se dos candeeiros, a cuja luz indecisa ainda assim mal se divisavam feições sob o imprescindível abrigo dos capuzes de borracha. Formavam então grupos de fantasmáticos escafandros, que, observados à distância, trocavam silenciosamente gestos deformados e a breve trecho, desfeitos, como que se desvaneciam por entre os húmidos véus de gases crepusculares, ininterruptamente agitados e suspensos do céu tenebroso.
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A manifestação correu de uma forma mais ou menos pacífica, com escaramuças e algumas detenções por causa de alguns manifestantes, que provocavam as forças policiais, a ver se com isto conseguiam o apoio popular para partirem para a violência. Mas a maior parte dos manifestantes não pactuou com isso e no global correu tudo bem.
Na Itália, as manifestações traduziram-se em confrontos violentos entre manifestante e as forças de segurança e, à semelhança do que aconteceu em Lisboa há pouco tempo, os revoltosos arrancaram os cubos dos pavimentos e apedrejaram as forças policiais. Os conflitos originaram centenas de feridos, dezenas de mortos, lojas assaltadas e vandalizadas, veículos e edifícios incendiados e muitas detenções. Já chamavam às manifestações sucessivas a revolta das pedras. -
O Sonho da Terra é um romance ofuscante, sobre trabalhadores numa mina misteriosa onde devem permanecer encerrados durante dois anos. Para escapar àquele mundo opressivo e asfixiante, contam histórias de amores frustrados, vinganças, sonhos e bruxarias, que são registradas pelo Narrador, de alcunha Quatroio. Temperado com cenas escatológicas e picarescas, salpicado de sub-enredos em que os leitores têm reconhecido obras literárias clássicas, passagens bíblicas, romances de aventuras, velhos seriados cinematográficos e filmes contemporâneos, e incluindo feitiços e seres mitológicos ao lado de invenções como a Máquina de prazer, O Sonho da Terra é um desfile em que um sentido de humor muito brasileiro leva a um contínuo riso rabelaisiano, como chicote de crítica social. A narrativa, essencialmente oral, molda-se num dialeto literário que evoca muitos estilos distintos, entre eles o português popular brasileiro.
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Dividido em nove livros, o romance apresenta uma personagem que, ao longo dos 500 anos da história do Brasil, vai se metamorfoseando em diferentes seres. Começando como um dos degredados da esquadra de Cabral, transforma-se num boto, num escravo negro, num inconfidente, num poeta romântico, numa mulher, etc. A linguagem do romance, por isso mesmo, procura mimetizar diversos estilos de época - o quinhentista, o barroco, o arcádico, o romântico, etc. -, que representam os principais aspectos da realidade social e cultural brasileira.
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Era uma vez uma menina chamada Inanna. Ela era muito sabida e só gostava de coisas boas - sorvete, jogar bola, brincar de boneca.
A vida de Inanna era mais deliciosa que bala de hortelã. Acordava todo dia com o sol, conversava com os passarinhos na janela, trocava de roupa e corria para brincar com suas fadas e bruxas dos livros. Quando chovia, era a deusa da vida - cantava e cantava - e as flores nasciam no jardim. -
Havia prometido a si mesmo que após o término desastroso do primeiro casamento, assim que encontrasse uma mulher que lhe apetecesse, nunca a trairia. Era hora de parar com aquelas aventuras acadêmicas. E Rafaela havia lhe parecido o anjo caído do céu. Estavam juntos há algum tempo. O Huguinho, seu filho, a apreciava. E o sentimento era recíproco. O mesmo não podia dizer de Ângela, sua ex-mulher, que vivia a procurar pretextos para fazer de sua nova vida conjugal um pequeno inferno.
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Havia prometido a si mesmo que após o término desastroso do primeiro casamento, assim que encontrasse uma mulher que lhe apetecesse, nunca a trairia. Era hora de parar com aquelas aventuras acadêmicas. E Rafaela havia lhe parecido o anjo caído do céu. Estavam juntos há algum tempo. O Huguinho, seu filho, a apreciava. E o sentimento era recíproco. O mesmo não podia dizer de Ângela, sua ex-mulher, que vivia a procurar pretextos para fazer de sua nova vida conjugal um pequeno inferno.
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Um "thriller" em que se mesclam a ficção científica, o romance policial e a narrativa futurística, que retrata um futuro aterrorizador, onde os seres humanos vítimas de guerras atômicas, vêem-se obrigados a refugiar-se em megalópoles protegidas. O protagonista se vê envolvido numa série de aventuras eletrizantes, em que se vê procurado por uma misteriosa figura, misto de anjo e demônio, e se torna o guardião de um talismã. Devido a isso, passa a ser perseguido por gangues ávidas do poder concedido pelo objeto mágico. Tendo por guia a chinesa Pui-Li, filha de um dragão-demônio, e assessorado pelo metódico detetive Descartes, o herói, frágil e solitário, percorre os caminhos do Inferno em busca de uma redenção talvez inatingível.
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Dividido em três jornadas - "O Sagrado Pulmão de Jesus", "The Creatures of Night Circus" e "Os Círculos do Paraíso" -, o romance conta a história de uma criança que nasce com uma doença congênita, uma acromegalia. Transformando-se num gigante, o jovem, partindo em busca do pai que desconhece, entra em contato com extravagantes personagens, entre elas, o diabo Astarot, uma mulher mecânica, um elefante-homem e o macaco King Kong. Vivendo mil e uma aventuras, acaba, finalmente, ascendendo ao paraíso, onde virá a descobrir o mistério de sua origem.
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"As grandes casas às escuras onde nunca entrara e que, no entanto, bem conhecia de as percorrer iluminadas - eu, do meu leito, imaginava-as, criava-as agora no silêncio e na treva, fantásticas: terrificantes e maravilhosas. Pensava: «Oh!, a glória de passear nelas por esta solidão, de tatear o que haverá dentro delas!...» E vinham-me ideias de, sorrateiramente, descalço, para as criadas não sentirem, erguer-me da minha pequena cama branca de taipais e partir a visitá-las... Mas era mais forte do que a ânsia o meu pavor... Escondia a cabeça debaixo dos lençóis, mesmo de verão, até que adormecia esquecido, fundamente."
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"Por 1895, não sei bem como, achei-me estudando Direito na Faculdade de Paris, ou melhor, não estudando. Vagabundo da minha mocidade, após ter tentado vários fins para a minha vida e de todos igualmente desistido - sedento de Europa, resolvera transportar-me à grande capital. Logo me embrenhei por meios mais ou menos artísticos, e Gervásio Vila-Nova, que eu mal conhecia de Lisboa, volveu-se-me o companheiro de todas as horas. Curiosa personalidade essa de grande artista falido, ou antes, predestinado para a falência."
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"No andar superior eram os quartos de D. Margarida, os quais abriam para uma ampla varanda de bem torneados balaústres, onde vegetavam em vasos de louça as flores prediletas da senhora; era também aí a sala dos serões familiares, e finalmente o quarto de Tomás. Este ficava situado em um dos ângulos do quadrilátero e imediato ao corpo lateral do edifício que fora destinado para capela.
Durante as devastações que o país sofrera nas sucessivas guerras civis dos últimos períodos da nossa história, a casa de Entre Arroios não fora mais do que as outras respeitada, e os estragos que, no resto da habitação, tinham já sido cuidadosamente reparados, conservavam-se ainda visíveis no pequeno templo, onde havia muito se não exercia por isso o ofício divino." -
"O eminente bibliógrafo e meu prezado amigo Inocêncio Francisco da Silva, historiando em breves linhas a vida quase obscura de Brás Luís de Abreu, conclui com estas palavras: Se algum dos nossos romancistas atuais se resolvesse a tratar o assunto, afigura-se-me que a vida deste nosso médico, com os curiosíssimos incidentes que ficam apontados, lhe dariam sobeja matéria para a fábrica de uma composição, onde mediante a lição dos escritos, que nos restam de Brás Luís, poderiam fundir-se habilmente espécies mui interessantes para daí resultar obra de cunho verdadeiramente nacional.
Os termos em que o convite é feito animam e ao mesmo tempo assustam. Comecei temerariamente a composição deste romance: mau foi principiá-lo, que eu sou tão pouco cioso de aprimorar escritos desta ordem, que não me forro ao perigo de concluí-los e imprimi-los, ainda quando me desagradam.
Não direi o que penso deste: assevero, porém, que não está decerto realizada a esperança do meu amigo Inocêncio Francisco da Silva. Se a biografia do autor do Portugal Médico é mina para locupletar romancistas, vão lá todos, que eu não toquei nos veios mais ricos." (Camilo) -
O Adultério no Romance Português dos anos de 60 e de 70 de Novecentos
Eunice Cabral
- Edições Vercial
- 19 Février 2013
- 9789897002106
"O objeto deste trabalho consiste na análise das representações do tema do adultério em certos romances portugueses dos anos de 60 e de 70 de Novecentos. Sendo este o objetivo do estudo, são apresentados, de forma implícita, outros temas literários como o casamento e o amor. Estes temas desdobram-se em variadas concretizações discursivas, que indicam situações e experiências amorosas, umas convencionais e outras híbridas e, ainda, as correlativas identidades dos respetivos sujeitos masculinos e femininos nelas envolvidas.
Ao analisar as representações do tema do adultério em alguns textos romanescos da Literatura Portuguesa da segunda metade do século XX, não pretendemos nem estabelecer nem esclarecer o que são o casamento e o adultério e a respetiva evolução sociocultural ou as várias interpretações contemporâneas do termo "casamento" e do seu "negativo" tipificado, o adultério." (Da Introdução.) -
"Enquanto os livros de história ostentam grandes notáveis e situações, o retrato desta obra permite o vislumbre das verdadeiras personalidades, até então anônimas, as verdadeiras responsáveis pela gênese de uma cidade e sua consolidação social.
Fragmentos de instantes, famílias que prosperam, empregados que foram alicerce sólido e pilares de uma sociedade em construção, padres, dentistas, estrangeiros, revolucionários de motocicletas, mortes, vitórias, fracassos, paisagens, lamaçal - formam um preciso e precioso registro de um tempo passado responsável pela estrutura do presente.
Convido ao leitor a aventurar-se por essas páginas, que permitem o riso, mas também as lágrimas. Mais do que um relato literário, a narrativa da existência humana em toda sua substância. Uma verdadeira experiência de estar vivo." (do Prefácio: Fernanda Macahiba) -
As Cartas de hum viajante francez a hum seu amigo residente em Pariz surgem com a finalidade de refletir e apresentar uma síntese dessa reflexão sobre «o caráter e estado presente de Portugal» o que se traduz na feitura de uma espécie de relatório pormenorizado sobre a sociedade portuguesa, do modo de ser das pessoas às suas práticas religiosas, da composição dessa sociedade ao modelo educativo, das riquezas naturais à indústria existente, da agricultura ao comércio, dos divertimentos mais comuns às práticas culturais, da memória histórico-cultural à identificação de um presente, sem esquecer uma reflexão sobre a língua.
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As Poesias de Júlio Dinis imprimiram se pela primeira vez em volume no ano de 1874, quando já descansava, havia três anos, sob a lousa do sepulcro, o cérebro que as inspirara.
Não se pôde dizer em absoluto que saíssem póstumas, porque algumas delas já tinham sido publicadas, ou na Grinalda ou intercaladas nos seus romances. A coleção formou se, pois, não só com estes elementos, já conhecidos e justamente apreciados do público, mas com outros que existiam inéditos nos manuscritos do autor. -
Tragédia Castro, em que se contam os amores entre o infante D. Pedro de Portugal (futuro rei D. Pedro I) e Inês de Castro.
Texto segundo o Novo Acordo Ortográfico. -
Estas Fábulas de La Fontaine traduzidas por Curvo Semedo, ou, antes, como deveríamos dizer falando com mais propriedade, estas Fábulas de Curvo Semedo (pois nelas o poeta português usou para com La Fontaine, como este para com os seus antecessores no mesmo género literário), estas Fábulas, repetimos, haviam sido leitura predileta, em verdes anos, de alguém que ainda conhecera e estimara o autor, de alguém ligado ao presente editor e signatário destas linhas, pelos mais apertados laços da vida, os que prendem um filho a um pai.
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"José Maria de Andrade Ferreira dividiu em «épocas» o seu Curso de Literatura Portuguesa. Seguiremos este roteiro, que não desmerece comparando aos anteriormente seguidos. Os diversos historiadores demarcaram a seu arbítrio os períodos em que as letras se manifestaram com diversa feição, quer progressiva, quer decadente. Alguns, abrindo profunda barreira entre as quadras literárias, estremaram os períodos em idade de ouro e de ferro, como se depois do luminoso século XVI, desde o fim do reinado de D. João III até D. João V, não tivéssemos literatura digna de história e de estudo. É um preconceito inveterado e falsamente legitimado por escritores respeitáveis que exauriram a sua admiração nos exemplares da Renascença, e só volveram a soldar a cadeia quebrada do nosso progredimento intelectual quando os árcades, exercitando a ode horaciana, à feição de Pedro António Correia Garção e António Dinis da Cruz e Silva, se consideraram sucessores aperfeiçoados de Ferreira e Camões."
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Alberto Caeiro da Silva nasceu em Lisboa a (...) de Abril de 1889, e nessa cidade faleceu, tuberculoso, em (...) de (...) de 1915. A sua vida, porém decorreu quase toda numa quinta do Ribatejo. Só os primeiros dois anos dela e os últimos meses foram passados na sua cidade natal. Nessa quinta isolada cuja aldeia próxima considerava por sentimento como sua terra, escreveu Caeiro quase todos os seus poemas primeiros, a que chamou "O Guardador de Rebanhos", os do livro, ou o quer que fosse, incompleto, chamado "O Pastor Amoroso", e alguns, os primeiros, de que eu mesmo, herdando-os para publicar, com todos os outros, reuni sob a designação, que Álvaro de Campos me lembrou, de Poemas Inconjuntos.
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O Dr. Leonel, médico de clínica geral, tinha como passatempos preferidos o ténis e o aeroclube. Piloto amador, era com prazer que levantava voo na avioneta que lhe estava atribuída e sobrevoava a cidade. Porém, numa tarde de tempestade, o aparelho acabou por se despenhar. Leonel sobreviveu com alguns arranhões e depressa se deu conta de que o tempo e o lugar não coincidiam com o seu: estava algures no passado. Ajudado por um carvoeiro, consegue hospedagem num convento de frades. As desconfianças, fruto dos preconceitos, instalam-se, e ele, com receio de ser preso, acaba por fugir. Acompanha-o Cremilde, a formosa filha do carvoeiro. Encontrará o termo das suas penas, quando, do fundo do mar, vem à superfície. Um estranho desígnio, que ele nunca chegou a compreender, estava na base de toda aquela aventura.